Por Que Precisamos de Mais Operações Contra o Terror das Facções?
Polícia enfrenta facções armadas no RJ: operação letal é necessária para retomar território e proteger civis contra exércitos paralelos.
Vivemos tempos em que as palavras se tornaram mais importantes do que os fatos, tempos em que a narrativa escolhida importa mais do que a realidade vivida por milhões de brasileiros que acordam e dormem ao som de tiros, que calculam rotas para evitar áreas de confronto, que enterram parentes mortos por balas que não escolhem entre inocentes e culpados. A megaoperação realizada no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, com mais de cem mortes, deveria ser analisada a partir de uma pergunta simples e direta: queremos ou não retomar o território nacional das mãos de organizações criminosas armadas que operam como verdadeiros exércitos paralelos?
Confesso que sinto uma satisfação genuína ao ver o Estado do Rio de Janeiro, ao contrário de outros estados da federação, finalmente reagir e demonstrar que não aceitará indefinidamente a existência de territórios sob controle de grupos terroristas disfarçados de traficantes, que impõem sua própria lei, que cobram impostos, que julgam e executam, que compram armamento pesado capaz de derrubar helicópteros e blindados. A operação que tirou a vida de quatro policiais e mais de cem criminosos não é um episódio isolado de violência que surgiu do nada. É uma batalha necessária numa guerra que já existe há décadas, mas que grande parte da sociedade brasileira prefere fingir que não vê.
Sou completamente a favor da morte de faccionados que entram em confronto armado com a polícia. Não há ambiguidade nisso. Quando um criminoso decide pegar um fuzil e atirar contra agentes do Estado que cumprem mandados judiciais, ele selou seu próprio destino. Esses indivíduos fizeram uma escolha consciente de integrar estruturas militarizadas que aterrorizam populações inteiras e se colocar em confronto direto com as forças de segurança. As consequências são claras: a resposta letal do Estado em legítima defesa.
O que me revolta profundamente é a velocidade com que certos setores se mobilizam para criticar a operação policial, transformando criminosos armados em vítimas de um Estado opressor, enquanto permanecem em silêncio ensurdecedor quando facções promovem tiroteios que matam inocentes. Dois dias antes da megaoperação, setenta criminosos do Comando Vermelho tentaram invadir o Morro da Quitanda, dominado por uma facção rival. Nesse confronto, Marli Macedo dos Santos, uma senhora de sessenta anos, foi morta dentro da própria casa quando bandidos invadiram sua residência para fugir de traficantes adversários, que metralharam o local e lançaram granadas. Um jovem de trinta anos também perdeu a vida. Onde estavam os defensores dos direitos humanos? Onde estava a indignação das redes sociais?
É fundamental entender o nível de armamento que estamos enfrentando. Não são pequenos traficantes com revólveres enferrujados. São organizações criminosas que possuem fuzis de guerra, granadas, lançadores de explosivos e até drones modificados para lançar bombas. Na operação do Alemão e da Penha, foram apreendidos quase cem fuzis. Armas de guerra que deveriam estar em campos de batalha internacionais, não nas mãos de criminosos brasileiros. Durante a operação, drones-bomba foram usados contra os policiais, uma tática terrorista que coloca esses grupos no mesmo patamar de organizações terroristas internacionais.
Estamos lidando com exércitos paralelos, com estruturas militares sofisticadas que controlam logística de armamentos, rotas de suprimento, hierarquias de comando e territórios geográficos definidos. O Comando Vermelho e outras facções não são gangues de rua, são organizações paramilitares que desafiam abertamente o monopólio legítimo da força do Estado. Quando faccionados armados com esse arsenal decidem resistir à polícia, a única resposta possível e proporcional é o combate armado até a neutralização completa da ameaça.
A hipocrisia dos críticos é evidente. Quando facções se matam entre si e levam inocentes juntos, quando impõem toques de recolher, quando executam desafetos em praça pública, há um silêncio cúmplice. Mas quando o Estado age, surgem de todos os lados as vozes da indignação seletiva, aquelas que só enxergam vítimas quando podem culpar o Estado e inocentar o crime organizado. Essa não é defesa dos direitos humanos, é conivência com o terror.
Precisamos de mais operações como essa. Dezenas, centenas de operações até que cada centímetro do território nacional volte a estar sob controle legítimo do Estado brasileiro. Não podemos aceitar a normalização da existência de áreas onde a polícia não entra, onde a justiça não alcança, onde cidadãos brasileiros vivem sob a tirania de grupos armados. Isso não é aceitável numa democracia, e quem defende a continuidade dessa situação está defendendo a continuidade do terror contra a população mais vulnerável do país.
É preciso falar abertamente sobre algo que incomoda muita gente: a cultura de favela precisa acabar. Não estou falando em expulsar moradores pobres, mas em acabar com a romantização, com a normalização, com a aceitação resignada de que existam territórios brasileiros onde o Estado não tem soberania. A favela não pode ser tratada como um espaço à parte, com regras próprias, onde vale outra lei que não a da República. Não pode haver "cultura própria" quando essa cultura inclui aceitar o domínio de facções armadas, toques de recolher impostos por bandidos, "tribunais do crime" que julgam e executam moradores. Isso não é cultura, é barbárie disfarçada de autenticidade popular.
O romantismo em torno da favela como espaço de resistência serve apenas para perpetuar o abandono dessas áreas pelo Estado e sua entrega ao crime organizado. Quando intelectuais e artistas celebram a "cultura de favela" sem fazer a distinção necessária entre as manifestações culturais legítimas dos moradores e o domínio territorial das facções, eles legitimam a existência de territórios fora do controle estatal. A favela precisa deixar de ser favela para se tornar simplesmente parte da cidade, com endereços formais, moradia decente ao invés de barracos, serviços públicos regulares, presença permanente do Estado, e onde a única lei que vale é a lei brasileira.
Não há nada de autêntico ou valioso no fato de uma área urbana estar fora do controle do Estado. Não há nada de bom em crianças crescerem vendo fuzis nas esquinas, em famílias tendo que pagar taxas extorsivas para criminosos, em moradores não poderem chamar a polícia quando sofrem violência. A verdadeira dignidade para essas populações virá quando puderem viver sob a proteção do Estado de Direito, com segurança garantida pela polícia, justiça acessível e oportunidades criadas por políticas públicas efetivas.
É preciso questionar com firmeza aqueles que fazem comparações grotescas entre a ação policial contra grupos terroristas e os crimes de colarinho branco. A comparação é absolutamente descabida. Não há ninguém defendendo que corruptos não devam ser investigados e punidos. Mas estabelecer uma falsa equivalência entre alguém que desvia dinheiro público e alguém que empunha um fuzil, dispara contra policiais e controla territórios pela força das armas é desonestidade intelectual da pior espécie.
O crime de colarinho branco causa danos imensos à sociedade, desviando recursos que poderiam ir para saúde, educação, infraestrutura. Mas ele não impede uma senhora de sessenta anos de dormir tranquila em sua casa. Ele não faz crianças se jogarem no chão quando ouvem tiros. Ele não cria territórios onde o Estado não pode entrar. Ele não mata policiais em confronto armado com fuzis e drones-bomba. A violência armada do crime organizado é uma ameaça direta, imediata e cotidiana à vida de milhões de brasileiros.
Além disso, há uma diferença operacional fundamental: prender um corrupto exige investigação longa, coleta de provas documentais, quebra de sigilo, análise de transações financeiras. É um trabalho de inteligência que leva meses ou anos. Combater grupos armados que dominam territórios exige operação policial direta, confronto quando há resistência armada, ocupação de terreno. São naturezas completamente diferentes de ação estatal. Exigir que a polícia deixe de combater o crime organizado armado até que todos os corruptos estejam presos é exigir que o Estado se omita indefinidamente, porque sempre haverá corrupção a ser investigada.
A realidade que precisa ser dita é que essas facções são grupos terroristas. Sim, a desigualdade e a falta de oportunidades alimentam o recrutamento. Sim, é preciso política social, educação, trabalho. Mas um grupo que possui arsenal de guerra capaz de enfrentar as forças de segurança do Estado, que usa drones para lançar bombas, que mantém estruturas de comando hierarquizadas, que controla território, que cobra tributos pela força, que julga e executa, esse grupo ultrapassou há muito qualquer fronteira que o separava do terrorismo. E terrorismo se combate com força, com inteligência, com operações coordenadas e, sim, com a morte daqueles que resistem armados.
Os quatro policiais mortos na operação são heróis que deram suas vidas defendendo o Estado de Direito. E os mais de cem criminosos mortos? Eram pessoas armadas, em confronto, que escolheram resistir ao Estado com fuzis, granadas e explosivos. A polícia não executou inocentes dormindo, não invadiu casas atirando indiscriminadamente. Como provam as imagens, houve resistência armada intensa.
Cada faccionado abatido em combate representa fuzis que não dispararão mais contra inocentes, drones-bomba que não explodirão mais sobre comunidades, uma peça a menos na engrenagem do terror que domina territórios inteiros. A morte desses criminosos em confronto armado é resultado direto e justo de suas próprias escolhas. Não há vítimas entre criminosos armados mortos em combate, há apenas o resultado previsível e necessário do enfrentamento entre quem defende a lei e quem a desafia com armas de guerra.
O caminho é longo e não se resume a operações policiais. É preciso inteligência para desarticular as estruturas financeiras das facções, investigar lavagem de dinheiro, interromper o fornecimento de armas e munição. É preciso presença permanente do Estado após as operações, não apenas militar mas também social, com serviços públicos, oportunidades, retomada definitiva do território. É preciso justiça rápida e eficaz para que criminosos presos não voltem logo às ruas. Tudo isso é verdadeiro. Mas nada disso exclui a necessidade de confrontar diretamente, com força policial letal quando necessário, grupos armados que dominam territórios e desafiam o Estado.
A guerra existe, querendo nós ou não. As facções já declararam guerra ao Estado e à sociedade há muito tempo, estabeleceram domínios territoriais e criaram suas próprias leis. Fingir que não há guerra, criticar quem enfrenta essa guerra, criar equivalências morais falsas entre quem ataca e quem defende, tudo isso é cumplicidade disfarçada de pacifismo. A paz verdadeira só virá quando nenhum cidadão brasileiro precisar pedir permissão a bandidos para circular, quando nenhuma criança precisar crescer ouvindo tiros e vendo fuzis nas esquinas. Até lá, precisamos de mais operações como essa, executadas com profissionalismo, determinação e força letal proporcional à ameaça enfrentada, até vermos o país livre dos grupos terroristas que operam dentro de nossas fronteiras. E quando faccionados armados escolhem resistir, que sejam abatidos sem hesitação, porque essa é a única linguagem que esses grupos entendem e a única resposta que merecem.